HUMANOS, DEIXEM DE ROUBAR O MEU LEITE
Se os humanos entendessem a
linguagem das vacas leiteiras, saberiam que estas não apenas pedem para que os
humanos deixem de roubar o leite dela, mas também que estes deixem de roubar os
bezerros alguns dias após o nascimento deles, privando-os de mamarem o
suficiente em suas mães para que certos humanos possam consumir a maior parte
do total do leite que é produzido. Acredito que pouquíssimas pessoas já viram e
ouviram uma vaca correndo e berrando em direção ao caminhão que leva o seu
filho, e que, em resposta, o bezerro berra de volta para sua mãe pedindo,
instintivamente, para que esta o ajude, mas a vaca logo percebe sua impotência
face aos seus carrascos humanos. Essa cena deveria ser de cortar o coração de
qualquer humano que tem um mínimo de bom senso, e acredito, firmemente, que
cortaria o coração da grande maioria dos humanos, se estes vissem tal cena de
sequestro, e seria particularmente impactante em cada uma dessas pessoas, pois
estas de imediato saberiam que, direta e/ou indiretamente, contribuem para que
tal dolorosa cena possa perpetuar-se
durante anos e anos indefinidamente. Afinal, por exemplo, se todos os
humanos fossem veganos, tais cenas, entre tantas outras terríveis cenas de
desrespeito aos animais não humanos, não aconteceriam.
Para mim é particularmente difícil de entender o conjunto
de valores dos humanos não veganos. A maior parte deles, claramente, finge
acreditar que as vacas leiteiras são máquinas biológicas de produzir leite e que
produzem um bezerro a cada ano durante no máximo 10 anos, mas que são
desprovidas do instinto materno e que são incapazes de sofrer, seriam como
escravas zumbis que, às vezes, vivem em senzalas e que podem ser abrigadas em
fazendas leiteiras de até um mil infelizes vacas leiteiras. Apenas assim, os
humanos consumidores de produtos lácteos poderiam criar uma realidade
artificial, baseada numa mentira, para poder ter uma certa paz de consciência e
dormir bem à noite pensando que o seu vício em consumir queijo, por exemplo,
não provoca nenhum sofrimento à fonte da matéria-prima, embora acreditem que,
assim como os humanos, as vacas leiteiras também são capazes de sentir muita
dor física. De fato, roubar o leite da vaca não deve doer, fisicamente, de modo
considerável; mas o mesmo não se pode dizer quando se assassina um boi ou uma
vaca com algumas marretadas, com intuito de logo em seguida roubar-lhe a sua
carne.
Os fazendeiros costumam dizer que do boi ou da vaca eles
só não aproveitam o berro. Imagino que bois, vacas, porcos, etc, que amargam
uma vida de escravo em senzalas durante anos, e nesse tempo eles pensam, e
pensam (...), mas não conseguem encontrar nada de bom que se aproveite nos
humanos.
Johanns de Andrade Bezerra
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